segunda-feira, 13 de junho de 2011

Já nascemos velhos

Guilherme

É uma verdadeira contradição.

O nascimento deveria representar a renovação da vida, possibilidade para ser diferente ou no mínimo compreender as diferenças. Todos os seres vivos estão inseridos nesse ciclo – nascer, nutrir, reproduzir, morrer; portanto, estamos presos a esse ciclo por um bom tempo ainda, porque ainda não compreendemos o sentido desse ciclo.

Mas ao parar para refletir sobre a espécie humana e a educação, notei algo incômodo: ao nascer somos “presenteados” com “tudo” aquilo que nos precedeu, em todos os sentidos possíveis: língua, maneira de se vestir, de se comportar em um meio social, o que comer, como comer, padrões de beleza e comportamento, enfim, nos entregam um uniforme para viver em humanidade e diga-se de passagem que esse uniforme é tamanho único.

Neste momento vem o questionamento: se o nascimento prenuncia uma oportunidade para o novo como poderemos ter alguma coisa nova se “presenteamos” nossos filhos com um conjunto de caracteres já vencidos?

Evidente que para a espécie humana sobreviver pelo menos as funções básicas tem que ser transmitidas aos recém chegados. Mas minha reflexão está justamente naquilo que extrapola as funções básicas da sobrevivência.

Somos mestres em dizer o que os seres na condição infantil devem ou não fazer, mas somos ignorantes na hora de ouvir o que ela tem a nos dizer. Mesmo sem articular uma única palavra o infanto pode dar indícios do conjunto de caracteres que possui e que necessitam de direcionamento; somente o indivíduo comprometido com uma educação que liberta, e que não enche de “velharias”, poderá criar um campo propício para o desenvolvimento dessas crianças.

Desconsideramos toda e qualquer característica que não esteja dentro dos “padrões” aceitáveis pela sociedade, e não percebemos que por não darmos atenção naquele momento mais importante da educação que é a infância teremos mais a frente um adolescente que necessitará o dobro de atenção em sua educação, quando não o triplo, quádruplo.

Uma outra razão que me fez parar refletir um pouco sobre isso é a quantidade de reclamações que ouço sobre os alunos, sejam eles do ensino infantil, fundamental ou médio. E se ouço um elogio logo vem em seguida uma crítica pra não “acostumar mal” o indivíduo. Até quando ficaremos reclamando que as “crianças” não nos respeitam se não temos o menor respeito em ouvirmos o que elas estão “berrando” diante de nós? Até quando ficaremos dizendo que os adolescentes são um problema se não paramos um momento para ouvir quais são suas dores e angústias frente ao mundo de incertezas que é a transição da infância para adolescência?

Tenho um amigo que sempre diz que a fase infantil é a mais importante no desenvolvimento do ser que um dia irá transitar para a fase da adolescência, adulta e velhice, e como são fases um dia desaparecerão. E o que ficará depois de tantas fases? Fica ai uma reflexão.

Padrões não educam ninguém.

Vamos, porque estou incluído nisso, descobrir novos métodos eu respeitem a individualidade de cada ser. “Seu” filho antes de ser seu pertence a ele mesmo. “Seu” aluno não é sua posse nem propriedade, ele deve descobrir, com você auxiliando na construção de balizas coerentes a cada fase, um caminho para descobrir quem realmente é: ele mesmo!

Um comentário:

  1. Acredito que não nascemos dentro de uma determinada família e uma determinada cultura por acaso. Com relação a educação, será maravilhoso o dia em que aprendermos a escuta-los e pudermos direciona-los. Mas acredito que o remédio tanto para eles quanto para nós é o respeito. E a retomada de valores que visam a boa convivência. O que ficará depois de tantas fases é algo único e particular de cada indivíduo. Mas para que nas fases pós infância não apareçam muitas pedras no caminho, é necessário que consigamos preparar esse ser da melhor forma possível. Um bom começo é a reflexão e exposição do assunto, um dia conseguiremos!

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