segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Revolução Industrial para crianças


FABRÍCIO SILVA

“Na Inglaterra do século XIX, lugar de criança era na fábrica”

No campo, meninos semeavam, ordenhavam vacas, construíam estábulos e galinheiros, alimentavam os animais, em suma, desde a infância acompanhavam o pai na sua labuta diária.
As meninas ajudavam as mães em casa. Preparavam a refeição e nos fins de tarde a família se reunia, desfrutando bons momentos juntos. Mas e nas cidades?
Quando muitas famílias foram desalojadas tiveram que vir para a cidade. E lá a vida das crianças só fez piorar.
O tempo em família diminuiu, as jornadas de trabalho impediam tal convívio. Já não tinham tempo para nadar em rios, subir em árvores ou cavalgar. O espaço geográfico era outro.
Ruas estreitas, sujas, moradias apertadas e fétidas e o céu azul era coberto pela fumaça das chaminés das indústrias que nasciam.
No início as crianças que iam para a fábrica eram aquelas que haviam sido abandonadas ou vivam em orfanatos, com o tempo as demais crianças da sociedade seguiram o mesmo destino.
Lá pelos seis anos de idade já se começava a trabalhar, recebiam em média a quinta parte do que era pago aos adultos. Geralmente entrando às 5 horas da manhã e seguindo direto sem descanso, a não ser um breve intervalo para refeição, (as crianças nem sentavam, recebiam pão e leite e retornavam ao trabalho ainda com o pão em mãos), até as sete horas da noite, às vezes, estendendo-se até oito, nove ou mesmo dez da noite. Trabalhando em médias 14 horas por dia. Acidentes e doenças eram comuns.

Curiosidade

Legislação trabalhista britânica

1802 – A jornada de trabalho infantil passa a ser de 12 horas diárias.
1819 – É proibido o trabalho de menores de 9 anos nas fábricas de algodão.
1824 – A associação dos trabalhadores é legalizada.
1833 – Crianças de 10 a 13 anos passam a trabalhar 48 horas semanais e as de 13 a 18, 69 horas semanais. São estabelecidas 2 horas para a escola.
1842 – Proibição do trabalho infantil feminino nas minas.
1871 – É legalizado o direito a formação de sindicatos.
1878 – Trabalho das mulheres passa a ser de 56 horas e meia nas fábricas de algodão e 60 horas nas demais fábricas.
1908 – Surgem os primeiros sistemas de seguro social.
1919 – É estabelecida a jornada de 8 horas diárias de trabalho.

Reflexão

Já lhe ocorreu às mudanças dos últimos 20 ou 30 anos? Quantos de vocês tiveram uma infância livre, brincando nas ruas de seus bairros? As casas com os portões baixos, fim de tarde com os pais sentados nas varandas conversando com os vizinhos.
Hoje praticamente todas as casas são fechadas, com portões que impedem a visibilidade, colocam-se cercas elétricas, cães de guarda e dentro das casas as crianças brincam na internet, ou jogam seus playstations da vida. Generalizar não se deve claro! Também não estou aqui criticando as inovações e melhorias alcançadas pela humanidade nos últimos 50 anos, muito menos estou sendo saudosista. Mas fica claro que nossas crianças não têm o mesmo tipo de liberdade que muitos de nós tivemos. Fica a questão para que você pense: Que tipo de sociedade está se construindo? Que paradoxo é esse? Onde para nos sentirmos mais protegidos e “livres” nos trancamos cada vez mais, vivendo com muito mais sedentarismo. A praticidade está aí e deve ser louvada. Mas ainda sim, você vê tudo azul? Então voltamos à mesma questão, que tipo de sociedade estamos criando?

LEGIÃO URBANA

RENATO RUSO

FÁBRICA

Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço -
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais.

Um comentário:

  1. O progresso é inevitável, não é mesmo?
    Mas de fato, devemos sim ficarmos atentos a educação que oferecemos para essa nova geração que chegou nesses 20 anos recentes e a geração que ainda mal sabe falar e já sabe utilizar muito bem esses equipamentos tecnológicos que muitos adultos penam para aprender a usar, parece que as crianças de hoje já nascem sabendo usar um mouse mais que um lápis...rs
    E, como elas, as crianças, já nascem "adiantas", precisamos correr atrás do prejuízo e desenvolver novos métodos educacionais que supram as necessidades delas.
    Não dá mais pra aceitar que papai e mamãe entregue o video-game mais avançado para que a criança ou o adolescente não fiquem "perturbando" suas vidas, ou o que entendem por vida.
    Já temos naves espaciais que atingiram a Lua e percorreram o Espaço distante do Planeta Terra, mas será que conhecemos aquele que está nosso filho, pai, avô, irmão? Será que já viajamos para o universo que somos???

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