sábado, 30 de abril de 2011

PEDAGOGIA UTÓPICA

Por Fabrício Silva

 "Não sabemos para onde estamos indo. Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão". (HOBSBAWM, 1995: 562)

Prolongamento do passado e do presente...Me faz lembrar do método utilizado até os nossos dias para se educar. Você, assim como todos nós, provavelmente passou pelo processo educacional sentado, com uma carteira a sua frente, dentro de uma sala de aula que sempre possuiu mais alunos do que deveria. Sempre com uma lousa enorme na nossa frente. Será mesmo que em pleno século XXI esse espaço tão conhecido por nós ainda funcione? A meu ver, não. Mas então, como modificar a educação?

A forma como ensinamos é cansativa e nem um pouco atrativa. Muitos professores ou demais pessoas envolvidas diretamente com educação podem dizer que mudam a pedagogia, “inovam” e buscam novas possibilidades. Ok! Eu vejo todas as tentativas, incluindo as minhas como “lugar comum”. E concordo com Hobsbawm, estamos a passos largos rumo à escuridão.

Nesse novo século a maior dificuldade talvez seja a adaptação aos meios tecnológicos e é aí que fico mais pensativo. Como obrigar uma criança que está crescendo dentro da era da informação, que fique boa parte de seu dia olhando para um quadro negro, prestando atenção a conteúdos os quais ela não consegue alcançar uma conectividade? (para usar um termo tecnológico). Uma vez que ela tem a internet fora dali, com inúmeras outras formas de vínculo e conexão entre as informações e as pessoas. Algo muito mais dinâmico e atrativo.

Muitos vão levantar para falar sobre o mal uso de tais informações, e eu concordo. Ai entra a questão de o professor mediar à relação com a tecnologia. Outros vão defender que “a internet e a tecnologia são para uma minoria” E aí eu discordo. Existem as diferenças, mas sabemos que o mais pobre também acessa a internet.

Quando penso nos paradigmas que o ensino público tem a quebrar, vislumbro algo inevitavelmente utópico. Tente imaginar. Comece pela sala de aula que descrevi acima. Digamos que não exista o quadro negro, que sejam turmas de 20 alunos por sala, mais ou menos e vamos modificar o formato também. Sinta-se livre para imaginar.

Mesmo que encontremos uma boa maneira de utilizar os recursos que a tecnologia nos oferece, não podemos perder de vista que estamos sim formando futuros cidadãos. Que apesar disso as escolas não podem assumir a total responsabilidade na educação das crianças. Educação começa em casa sim! Acredito que temos que criar possibilidades para que o aluno perceba suas aptidões, interesses e facilidades e procurarmos incentivar e desenvolver o que cada um oferece de melhor. Assim, formam-se melhores profissionais.

O aluno tem que ter uma formação básica e geral, mas deve aprender que tem qualidades, facilidades e o quanto pode e deverá ser útil para sua sociedade.
Mas não consigo ver isso acontecer em breve, enquanto a estrutura educacional vigente, carteira, lousa, giz, etc. For o método utilizado.

Por que não trabalhar mais o lúdico, em ambientes que sejam acolhedores e que despertem a criatividade? Trabalhar as relações humanas e mostrar a vida no seu lado prático. Por exemplo, alunos aprenderem a matemática, lidando com “dinheiro” e atividades que ele vai ter no seu dia-a-dia, na vida real. E nisso o virtual pode colaborar. Mesmo assim, ainda não temos a resposta para “como fazer isso?” Ou até temos, mas o Estado não faz sua parte.

Muito do que descrevo aqui se assemelha com praticas que já são utilizadas em algumas instituições, muitas delas particulares. Mas veja o que tento mostrar aqui é que existe toda uma estrutura e um formato que precisa ser modificado, ou seja, melhorado.

A tecnologia está aí para o bem e para o mal, como outras inovações ao longo da história já estiveram. Se somos um país em desenvolvimento e se problemas como corrupção generalizada atrasam a caminhada rumo a uma educação de qualidade, significa que temos que modificar as coisas nós mesmos, mas como? Você tem alguma idéia?

E para terminar deixo uma frase de Bill Gates para reflexão...

 "A educação não é a resposta total para todos os desafios criados pela Era da Informação, mas é parte da resposta, da mesma maneira que a educação é parte da resposta para uma gama dos problemas da sociedade" (...) "A educação é o grande nivelador da sociedade, e toda melhoria na educação é uma grande contribuição para equalizar as oportunidades" (GATES, 1995: 316).










3 comentários:

  1. Pois é meu amigo.
    Os estímulos são intensos. Precisamos de uma "nova" Educação.
    Aos poucos vamos conseguir.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Concordo com o Fabrício no tocante aos novos meios de se fazer educação. Primeiro que o investimento na educação de base está muito aquém do ideal. Enquanto investirem mais em segurança e deixarem a educação em segundo plano, as coisas não vão começar a entrar no seu eixo correto. Quanto a tecnologia, é fato que uma aula contendo recursos multimídia é muito mais atrativa do que a famigerada lousa e giz. Exemplo: numa aula de química, quando se está falando em estrutura atômica, não seria mais fácil de entender se os alunos pudessem ver isso num video que mostre a estrutura atômica em 3D? (quando falo isso esqueça o Avatar e o óculos do cinema, hein?).
    Enfim, para uma melhor educação, eu voto em escola de segundo grau aberta (sendo frequentada por quem realmente tem interesse, rompendo as grades prisionais - literalmente falando), mais investimento em base, salas com menor quantidade de alunos e uso ativo de tecnologias para tornar as aulas mais expositivos e atrativas.
    É isso.
    Abraço.

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